Hoje, a solidão me visitou. É como se estivesse sentada no canto da cama, olhando para mim enquanto tento me distrair escrevendo, como estou fazendo agora. Consigo sentir os olhos dela focados em mim, mesmo que eu não a encare diretamente; eu sinto isso. Tento procurar alguém para conversar, mas a verdade é que, mesmo que me distraia conversando com alguém, sei o que preciso, e nenhuma distração funcionaria. Gostaria de estar perto de quem amo, pois, para mim, é isso que dá sentido à vida. No entanto, todos que amo estão longe. Tão longe. São distâncias físicas, emocionais, culturais. Eles estão cuidando de suas vidas, fazendo o que escolheram, com quem amam. Encontraram outras pessoas que os amam, e isso me deixa feliz. Eu sei que eles também me amam, mas escolhas nos levam a lugares diferentes. As minhas me trouxeram para a Alemanha. Pensar em quem amo me traz saudade, mas também medo. Medo de não saber quando os verei de novo. Medo de não saber quando será a última vez que os verei....
É... Tem gente que diz que o amor é a coisa mais linda que existe Eu, para ser bem sincera, acredito, sim em amor. Longe de mim duvidar. Mas não nesse amor que me parece que as pessoas estão sempre procurando. Não sei se tenho a alma mais moderna, não sei bem explicar por que, mas acredito em outro amor, um amor do século 21. Um amor mais amplo, geral e irrestrito. Mais comunitário, menos possessivo. Eu acredito na amizade, no tempero. Na diversão, no companheirismo e cumplicidade. Quanto mais o mundo muda, mais o amor vai se reinventando como um sentimento bem diferente de tudo que já se viu. Vejo um amor livre - não dos anos 60 e 70, quando todo mundo transava com todo mundo. Um amor de alma livre, sem amarras, sem prisões. Um amor descompromissado e leal, que existe pelo simples fato de as pessoas se gostarem, de ter prazer em estar juntas. Para mim, o amor do século 21 tem muito mais a ver com amizade do que com aquele velho amor: um laço forte de verdade.Real, sem fantasias demai...
Um dia você acorda e está tudo lá, junto com ela. Estão os chinelos ao lado da cama o esperando para serem calçados. Está a pia com a escova de dentes, o vaso, o chuveiro. A toalha, o silêncio da manhã e o cheiro do corpo quente. Está o claro do sol atrás da cortina e as marcas da experiência no rosto. O brilho dos olhos também, embora tenha mudado ao longo dos anos, mas nada notável nos últimos instantes, por que ela, o distrai. O café da manhã rápido e o som das primeiras manifestações humanas na rua. O macio do banco do carro, a rádio sintonizada a algum tempo... Talvez tempo o bastante para você não lembrar quando foi a última vez que mudou de estação. O mesmo caminho até a empresa, o caminho seguro e confiável. Esse caminho o leva a razão de até então: o emprego estável. A entrada da empresa, os desvios dos passos até sua mesa, o aparelho telefônico em frente, que está ficando ultrapassado pelo tempo e os novos modelos. O cheiro do café forte rondando sua sala de trabalho e...