11/11

Hoje, a solidão me visitou. É como se estivesse sentada no canto da cama, olhando para mim enquanto tento me distrair escrevendo, como estou fazendo agora. Consigo sentir os olhos dela focados em mim, mesmo que eu não a encare diretamente; eu sinto isso. Tento procurar alguém para conversar, mas a verdade é que, mesmo que me distraia conversando com alguém, sei o que preciso, e nenhuma distração funcionaria.
Gostaria de estar perto de quem amo, pois, para mim, é isso que dá sentido à vida. No entanto, todos que amo estão longe. Tão longe. São distâncias físicas, emocionais, culturais. Eles estão cuidando de suas vidas, fazendo o que escolheram, com quem amam. Encontraram outras pessoas que os amam, e isso me deixa feliz. Eu sei que eles também me amam, mas escolhas nos levam a lugares diferentes. As minhas me trouxeram para a Alemanha.
Pensar em quem amo me traz saudade, mas também medo. Medo de não saber quando os verei de novo. Medo de não saber quando será a última vez que os verei. Porém, penso também que talvez as pessoas que mais amarei na vida ainda não tenham nascido, então meu coração volta a ter paz, e a solidão desiste de mim e vai embora. Ela sai do quarto sem fazer barulho. Ela saiu como entrou, sem avisar. Eu acho que ela gosta de assustar, mas a verdade é que, quando você tem sonhos e está lutando por eles, existem tantas batalhas difíceis a serem vencidas que a solidão se torna um pequeno momento no silêncio, que já não me assusta... e ela vai embora, assim como os dias... todos os dias terminam, dores e lutas também. Tudo na vida tem fim. E isso soa como triste, mas pode ser bonito se você entender que precisa focar naquilo que ama e ser sincero com suas verdades para viver com sabedoria cada segundo até que o fim chegue.
Com tudo isso, aprendi que é importante entender que a solidão não é minha inimiga; ela se tornou uma amiga íntima. Ela serve para lembrar da importância de todos que amo e de como eu gostaria de poder abraçá-los, mas eles não estão aqui. E por quê? Porque eu estou aqui, de frente com os meus sonhos, ouvindo da solidão que eu preciso ser forte, pelos próximos abraços que virão.
Se eu fechar os olhos por apenas um segundo, consigo sentir o calor da mãozinha do meu primeiro filho. Consigo ouvir as gargalhadas das crianças vindas do quintal durante o almoço de domingo em família. Consigo sentir o cheiro de lavanda da nossa casa. O gosto dos biscoitos de manteiga. Até o sorriso do meu marido tem cor, é azul, porque me lembra do céu, pois é como passear pelas nuvens de avião. É lindo, azul e cheio de paz, e por mais que você esteja há infinitas milhas do chão, você não tem medo de cair, porque é um amor seguro.
Quando estava imaginando o futuro, percebi que, mesmo que a solidão não seja convidada para o almoço em família, ela provavelmente estará lá, de longe, olhando para mim e me fazendo lembrar do que existe de mais importante na vida: as pessoas que amamos e que nos fazem sentir amados, seja no passado, no presente ou no futuro, e o quanto é importante tê-los juntos comigo. E para estar junto, não é preciso estar perto.
Obrigada, solidão, por me fazer lembrar que eu carrego em meu coração tudo que preciso para ser feliz: eu carrego em meu peito todos aqueles que amo, simples assim.

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